Negócio já gera milhões em África
INVESTIMENTO. Criação de insectos promete gerar milhões em África. Empresas sul-africanas adiantam-se no negócio e pretendem produzir uma proteína para consumo humano, com base em larvas de mosca ‘soldado negro’.
O futuro da indústria alimentar mundial passará necessariamente pelo investimento nos insectos. Alguns, em particular africanos, considerariam a afirmação exacerbada, mas os cidadãos asiáticos concordariam, de imediato, com a tese. Aliás, reza a história que, os insectos chegam à mesa dos asiáticos, como elemento fundamenta da sua dieta, há centenas de anos.
No entanto, os insectos que para muitos é um cardápio arrepiante e desconfortável, para outros, visionários, está a ser uma sustentável fonte de rendimento. Aliás, em África, o negócio, promissor, já começou a gerar milhões. O exemplo vem da África do Sul, onde há cada vez mais investimentos na produção de larvas de moscas, para a produção não apenas de ração animal, mas também de alimento humano.
A empresa sul-africana Susento está entre as que mais investem nos insectos para produção de proteína para o consumo. A empresa entende que as larvas são capazes de produzir uma proteína de alta qualidade que pode ser usada em alimentos e bebidas desportivas. Os fundadores da empresa, de acordo com a Bloomberg, ligada à Universidade Stellenbosch, esperavam, numa primeira fase, arrecadar 700 mil dólares para o projecto.
O pó produzido não tem sabor ou cheiro e pode ser usado em alimentos salgados ou doces como chocolate. É uma proteína de alta qualidade e um terreno com um hectare de insectos pode produzir 7.500 vezes mais do que um terreno de soja do mesmo tamanho, explica a co-fundadora, da Susento, Elsje Pieterse.
Pelo menos, três toneladas de proteína por mês são produzidas na universidade. A Susento torna-se assim a primeira empresa em África na corrida de produção de proteína de insecto, com base em larvas da mosca ‘soldado-negro’. As proteínas das larvas podem ser colhidas de maneira sustentável, dado que as moscas são alimentadas com resíduos.
O negócio de larvas da mosca soldado-negro está mais consolidado no ramo alimentar animal, com a AgriProtein, na linha da frente, a cultivar vermes de resíduos recolhidos em mercados, residências e empresas. A empresa transforma as larvas em suplemento de proteína altamente nutritivo que substitui a farinha de peixe na alimentação animal.
A AgriProtein arrecadou até 30 milhões de dólares em financiamento, incluindo subsídios injectados pela Fundação Bill e Melinda Gates, tornando-se uma das mais bem financiadas no sector. Fundada em 2008, na África do Sul, a empresa cria larvas de mosca em resíduos de alimentos de várias fontes, incluindo restaurantes e supermercados.
Europa prevê investimento de três mil euros
No primeiro trimestre de 2021, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos autorizou o consumo humano de alimentos produzidos a partir de insectos. Uma autorização despertou interesse dos investidores. Embora as regras sejam “muito apertadas”, o mercado apresenta-se rentável. De acordo com a RTP, a decisão tomada pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos vem trazer uma nova perspetiva económica, sendo que a previsão para o negócio de criação de insectos é crescer dez vezes, chegando aos valores que podem rondar os 3,4 mil milhões de euros, globalmente, até 2025.
A Europa está na vanguarda da crescente aposta nesta área, identificando já os insectos como parte da agenda alimentar sustentável. As autoridades da União Europeia continuam a investir dinheiro em pesquisas e fábricas e este sector económico já fornece regularmente farinha para a alimentação para peixes, cães e gatos (eventualmente gado). Ainda segundo a RTP, A aposta é claramente no futuro, cada vez mais presente, e colocar os insectos e seus derivados na cadeia alimentar pode ser a solução para alimentar o mundo.
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